riram
atiraram-me pedras à alma
noite estagnada de lua cheia
pelo dorso da esperança rolaram-me todos os sonhos
que amealhava na redoma do medo
riram como sol nas vertentes do regresso
riram como chuva nas raízes sequiosas
riram como olhos no silêncio dum postigo
riram
riram de promessas onde os sonhos encalharam
e me engravidaram os olhos de angústia
e a esperança abortou nos contornos da raiva
onde os abutres bebem e se atordoam de silêncios
náufrago de sonhos e pesadelos
neste rio de promessas que sorvi
riram
foi na primavera dum desespero maldito
como estalido de dor em olhos baços
riram
e ficaram na sombra dos atalhos cá dentro
a germinar lírios de tortura
Sem comentários:
Enviar um comentário