falas de um vento forte
que sopra e te arrasta
como folha de árvore seca
que o outono envelheceu
caíste de borco na planície
onde há ainda malmequeres
a berrar brancos e amarelos
e a rir dos pardais que esvoaçam
sobre ti e contra o vento
vento que uiva
e se estatela nos pedregulhos
donde escorrem lamentos e segredos
que nos invadem e são
como tortura
a deixar nos malmequeres
a vontade de secar
falas de um vento forte que sopra
dum vento que é a imagem
do que tu sentes na alma
vento que te arrasta e em breve
te tornará em miragem
falas de um vento forte
vento-cavalo que montas
vento que ao fim de contas
te há-de arrastar para a morte
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21/02/2010
09/02/2010
Um só
um dia
um dia de vendaval
possesso de sonhos e raivas
saltei muros
mordi todas as regras com que me açaimaram
e fugi de mim mesmo
sentado e sem braços para me agarrar
vi-me fugir
e saltar
e dançar
em cima da raiva
e seguir
lá para os lados dos montes brancos de Calahorra
uivando
uivando como lobo
ao mundo que me traçaram
sei que um dia
um dia de vendaval
hei-de encontrar-me
e então
então sim
farei as pazes comigo mesmo
e voltaremos a ser
um só
os dois
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